quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Cadeia do Limoeiro - Antigo Paço de a-par-de São Martinho










No lugar sobranceiro a Alfama onde hoje está sedeado o Centro de Estudos
Judiciários, existiu outrora um paço que terá servido de residência real desde
o tempo de D. Afonso III.
Esse edifício teve, ao longo da história - por vezes, em simultâneo - várias
denominações. Foi "Paços de a-par-de S. Martinho" por se situar em frente
da igreja paroquial que tinha como orago o referido santo – tida por uma das
mais antigas de Lisboa – e também "Paço dos Infantes", denominação
devida a nele terem habitado, ou os filhos de D. João I, ou os filhos de D.
Pedro I e de D. Inês de Castro, os célebres D. João e D. Dinis, segundo Júlio
de Castilho.
Outra denominação foi a de "Paços da Moeda". É sabido que a oficina dos
moedeiros, no tempo de D. Dinis, funcionava no Campo da Pedreira, no
Bairro de Alfama, junto às casas da Universidade. Com a transferência para
Coimbra, no ano de 1308, do Generale Studium, os moedeiros ficaram a
ocupar-lhe o lugar. Regressada a Universidade a Lisboa, em 1338, a oficina
de fabrico de moeda foi instalada nos "Paços de a-par-de S. Martinho – em
parte deles ou em edifício contíguo –, o que originou a nova denominação
"da Moeda".
O Rei D. Pedro I, nas suas deslocações à cidade de Lisboa, pousava nos
Paços a-par de S. Martinho, preferindo-os aos da Alcáçova. O sucessor de D.
Pedro revelou idêntica predilecção, tendo o referido Paço Real servido de
residência a D. Fernando e D. Leonor Teles.
Durante a crise de 1383-1385, o Paço Real de a-par-de S. Martinho foi o
cenário de acontecimentos dramáticos, narrados magistralmente pelo
cronista Fernão Lopes: aí teve lugar, em 6 de Dezembro de 1383, o
assassínio de João Fernandes Andeiro, conde de Ourém, às mãos de D. João,
Mestre de Avis, e de Rui Pereira, numa sala contígua à câmara régia. O novo monarca utilizou o paço como residência durante algum tempo,
enquanto não acabavam as obras que mandara realizar nos Paços da
Alcáçova. No entanto, no início do século XV, o local já ganhara mais uma
denominação: a de "Paços do Infante herdeiro", por ser local de residência
do infante D. Duarte.
Por essa altura, numa parte das dependências do paço, estavam instaladas
as Comendadeiras do Mosteiro de Santos-o-Velho, de que era superiora Inês
Pires (ou Peres), de quem D. João I tivera, fruto de amores juvenis, dois
filhos: D. Beatriz de Portugal e D. Afonso, que veio a ser conde de Barcelos e
1º duque de Bragança.
Há notícia de que, em meados do século XV, residiram neste paço as irmãs
de D. Afonso V – uma delas a infanta D. Leonor, futura imperatriz da
Alemanha pelo seu casamento com Frederico III.
No tempo de D. João II, o Paço de S. Martinho, sede do Desembargo do
Paço, já funcionava como cadeia e ganhara um novo nome: Paço do Limoeiro
ou, mais simplesmente, Limoeiro, em alusão a uma árvore que existia –
supõe-se – no local e caracterizava o sítio.
D. Manuel I empreendeu importantes obras no paço. Conta Damião de Góis,
referindo-se ao monarca: "Fez de novo em Lisboa junto da igreja de São
Martinho os Paços da Casa da Suplicação e do Cível, e cadeia do Limoeiro,
obra muito magnífica, e sumptuosa, onde dantes fora a casa da moeda (...)."
Foi assim, com esta dupla função de cárcere (em baixo) e de Tribunal (nos
pisos superiores), que o Limoeiro se manteve até ao século XVIII.
Ao Limoeiro, onde existiam duas cadeias distintas (a Cadeia da Cidade e a
Cadeia da Corte) eram conduzidos todos os condenados ao degredo nos
territórios ultramarinos, a fim de aguardarem nas suas enxovias o dia do
embarque.
Depois de ter recebido beneficiações no tempo de D. João V, o Limoeiro ficou
seriamente danificado na sequência do grande terramoto de 1 de Novembro
de 1755, que causou a derrocada total da Cadeia da Cidade e parcial da Cadeia da Corte, havendo notícia de que os presos se puseram todos em
fuga. Apesar da severidade dos danos, o prior da paróquia de S. Martinho,
respondendo ao inquérito efectuado, em 1758, aos diversos párocos da
cidade, indicou terem morrido na área da sua paróquia, vitimadas pelo
terramoto, apenas trinta pessoas. Na mesma resposta, o prior informa que a
Cadeia da Corte já estava, ao tempo, reabilitada.
Do edifício do Limoeiro foram retirados os tribunais da Casa da Suplicação,
transferidos para as casas históricas dos condes de Almada, junto ao Rossio.
No século XIX, pensou-se, segundo Júlio de Castilho, "na edificação de uma
boa cadeia pública, segundo as normas da higiene, e as prescrições da boa
polícia moderna". Realizadas as obras, o edifício ficou, a partir daí, com uma
configuração exterior já próxima da actual.
O poeta Pedro Correia Garção (em 1771), o poeta Barbosa du Bocage
(1797), o pintor Domingos Sequeira (1808) e o escritor Almeida Garrett
(1827) foram algumas das personalidades de vulto que conheceram os
cárceres do Limoeiro.
É negro o quadro traçado por Oliveira Martins, reportando-se ao Limoeiro no
tempo do terror miguelista: "Os homens eram amontoados, empurrados a
pau para a sociedade dos assassinos, nessas salas imundas, habitação de
misérias informais. Davam-lhes sovas de cacete miguelista, e por dia um
quarto de pão e caldo, onde flutuava, raro, alguma erva" (Portugal
Contemporâneo).
Nos finais do século XIX e inícios do século XX, multiplicaram-se as críticas
ao funcionamento da cadeia do Limoeiro, referida por Francisco de Melo e
Noronha como "a escola repugnante de todos os vícios, a nódoa imunda que
envergonha a nossa capital aos olhos dos estrangeiros (...)".
Atingido por diversos incêndios, como os de 1918 e de 16 de Maio de 1933,
as obras de reconstrução e remodelação do edifício prolongaram-se pela
década de 1940.

Texto retirado da pagina do centro de estudos Judiciários











Cadeia do Aljube


O edifício actual, onde esteve instalado o Aljube, data do século XVIII, uma vez que, após o terramoto, o plano pombalino de reconstrução da cidade implicou o alargamento para norte da antiga Rua Direita da Porta Travessa da Sé, obrigando à reedificação da Cadeia do Aljube, a qual exibe um escudo, ou seja, o brazão dos Castros, que sobrepuja a porta principal. Segundo o investigador da História de Lisboa, Gomes de Brito, este brazão marca a reconstrução do edifício, no todo ou em parte, por iniciativa do Bispo do Porto, D. José de Castro, que o mandou ali colocar, à data do plano da nova cidade de Pombal. No entanto, Luis Pastor de Macedo, no seu livro Lisboa de Lés a Lés , avança a possibilidade de que, durante o domínio árabe, teria existido uma cadeia em Lisboa, denominada "Aljobbe" ou "Alchub", instalada no edifício do Aljube ou em qualquer outro que antes deste tivesse sido edificado naquele local. Para este autor, e com base na investigação do já mencionado Gomes de Brito, parece credível aceitar-se a hipótese de que este cárcere do Aljube possa remontar aos primeiros tempos da Lisboa cristã, como local de punição para crimes do foro eclesiástico. Por sua vez, em 1526, as Constituições do Arcebispado de Lisboa, publicadas em 1588, permitem verificar a existência do Aljube como tal, ao estabelecerem que as penas de prisão em matéria eclesiástica fossem cumpridas na referida cadeia. Em 1845, o Aljube foi destinado a prisão de mulheres, até à sua transferência para o Convento das Mónicas, tendo funcionado como cárcere de presos políticos, durante grande parte do período do Estado Novo. Em 1930, procurando modificar o aspecto das prisões, foram executadas obras de beneficiação no Aljube. Por fim, na década de 80, o Aljube foi reconvertido para a instalação do Instituto de Reinserção Social.

Texto retirado do Sitio da Câmara Municipal de Lisboa




LOCALIZAÇÃO











domingo, 13 de outubro de 2013

Rua da Judiaria - Alfama




Na rua da Judiaria encontra-se um pano da Muralha bastante bem conservado, com dois contrafortes pertencentes á cerca bem visiveis. Por cima da cerca foi construido um palácio do qual ainda se podem observar três vãos de janelas em mármore ,de estilo Manuelino.
Esta zona era uma pequena judiaria onde os judeus de Lisboa estavam confinados a viver, sendo que aqui teria havido uma sinagóga construida em 1379, mas mandada fechar pouco depois, porque perturbava o funcionamento das igrejas mais próximas.





LOCALIZAÇÃO






terça-feira, 1 de outubro de 2013

Igreja da Memória / Chafariz do Largo da Memória


Igreja da Memória foi fundada por Dom José I ,no local onde sofreu  uma tentativa de assassínio dois anos antes em 1758, num gesto de gratidão por se ter salvo . O início das obras foi por volta de Maio de 1760, tendo-se celebrado a cerimónia do lançamento da primeira pedra a 3 de Setembro de 1760.O monarca regressava de um encontro secreto com uma dama da família Távora quando a carruagem foi atacada e uma bala o atingiu num braço.Pombal, cujo poder já era absoluto, aproveitou a desculpa para se livrar dos seus inimigos Távoras, acusando-os de conspiração. Em 1759, foram torturados e executados. As suas mortes são comemoradas por um pilar no Beco do Chão Salgado, junto da Rua de Belém.
O projecto deste templo coube ao italiano Giovanni Carlo Galli da Bibbiena (1717-1760), arquitecto e cenógrafo bolonhês autor do Teatro do Forte ouTeatro do Salão dos Embaixadores no Palácio da Ribeira (1752-1754), Teatro real de Salvaterra de Magos (1753-1792), Teatro real da Ópera do Tejo(mar.1755-nov.1755) e do Teatro da Quinta de Cima ou Teatro da Ajuda. Igualmente foi responsável pela Real Barraca da Ajuda e da sua Capela Real.
A condução das obras até 20 de novembro de 1760, esteve a cargo do arquitecto italiano. Depois do falecimento de Bibbiena, as obras continuaram; contudo, em 1762, pararam por motivos económicos, sendo apenas retomadas en Novembro de 1779. Assumindo o cargo o arquitecto Mateus Vicente de Oliveira, sendo o responsável pelo piso superior da igreja, pelo zimbório, cúpula e lanternim. Em 1785, Mateus Vicente morre, ficando por concluir a torre sineira.
Em estilo neo-clássico, a igreja é pequena, mas graciosa, sendo o interior em mármore e tendo no exterior uma bela cúpula. Contudo seu pormenor mais significativo é o facto de servir de mausoléu ao Marquês de Pombal, que está ali sepultado.
Hoje é a sede da Ordinariato Castrense de Portugal/Diocese das Forças Armadas.


Chafariz do Largo da Memória
Localiza-se ao cimo da Calçada do Galvão, perto da Igreja da Memória. É uma obra do arquitecto régio Possidónio da Silva, de traço simples sobre uma base quadrada e obelisco central. Na Ajuda existia uma fonte no Palácio das Secretárias, sito na Calçada da Ajuda, onde se abasteciam os habitantes da zona. Aquando da vinda do pai do rei a Lisboa, a rainha D. Maria II ordenou a execução de obras no palácio, transformando-o em residência do seu sogro, o Duque Fernando da Saxóniaa-Coburgo-Gotha. A Vedoria da Casa Real negociou com a Câmara o aproveitamento das antigas bicas no Pátio das Vacas e na Memória para a construção de um novo chafariz. A Vedoria cedeu a cantaria que sobrou das obras do Palácio de Belém e encarregou o arquitecto régio Possidónio da Silva do encanamento das águas para a Calçada do Galvão. O Chafariz da Memória foi inaugurado em 13 de Junho de 1850. Os seus sobejos iam para a Quinta Real.