terça-feira, 24 de setembro de 2013

Pátio Dom Fradique e Palácio Belmonte


Data de 1449 a compra de algumas casas com o seu quintal, situadas num recanto formado pelos muros da Porta de Santa Maria da Alcáçova e pela muralha da cidade (Cerca Velha), por Brás Afonso Correia. Brás Correia, que viria a ser do concelho de D. Manuel e seu corregedor em Lisboa, ainda ampliou a propriedade com mais alguns terrenos, e constituiu-a em cabeça do Morgado do Castelo, herdado por seu neto Jorge de Figueiredo. Um bisneto deste, Rui de Figueiredo, senhor do morgado da Ota, veio a transformar as casas numa moradia apalaçada, na segunda metade do século XVII, que é presentemente o mais antigo palácio da cidade. Em 1684, o filho de Rui de Figueiredo, Pedro de Figueiredo de Alarcão, 2º senhor do morgado da Ota, comprou a D. Luís Manuel de Távora, Conde de Atalaia, todas as construções e terreno do vizinho pátio de Baixo, ou pátio de Dom Fradique. O pátio era assim denominado após D. Fradique Manoel, senhor de Tancos e Atalaia e fidalgo da corte de D. Manuel, de quem D. Luís de Távora descendia. Em 1727, a propriedade passa para a posse de Rodrigo António Figueiredo de Alarcão, filho do 2º Morgado da Ota, e deste para a de sua irmã. Assim chegou, em 1805, à posse de D. Vasco da Câmara, alcaide-mor de Belmonte, que viria a ser 1º conde de Belmonte, e a cuja família o palácio pertencerá até meados do século XX. 
Ao longo do século XIX, funcionou como colégio, hospital provisório, e comissariado da Polícia. O conjunto, situado na zona de protecção da cerca do Castelo de São Jorge e integrando ainda parte da sua estrutura, foi recentemente remodelado, convertendo-se em unidade hoteleira. Integra ainda o Pátio de Dom Fradique de Cima, e o Arco de Dom Fradique, que liga os bairros de Alfama e do Castelo e atravessa o edifício, com serventia pública de passagem. O pátio de Dom Fradique de Baixo, contíguo ao palácio e acessível pelo referido arco, pertence hoje à CML, e encontra-se em total estado de degradação. 
A habitação quinhentista era constituída por duas torres rectangulares e uma pentagonal, construídas sobre um troço de muralha romana e um rochedo com cerca de 40 metros de altura na Cerca Moura de Lisboa. Sofreu uma grande intervenção em 1640, quando foi construído o terraço a E., deitando sobre a cidade e o Tejo, e reformuladas cinco fachadas, ao gosto da época. No século XVIII, depois dos extensos estragos causados pelo terremoto de 1755, foram acrescentadas algumas dependências e renovados os interiores, nomeadamente com um vastíssimo acervo de azulejos assinados pelos artistas Valentim de Almeida e Manuel Santos. O acesso ao palácio faz-se por portal nobre setecentista. Na fachada principal conservam-se ainda as armas dos Figueiredos, que se repetem no andar térreo do terraço. No interior destacam-se os tectos ornamentados, as salas temáticas, e os já referidos painéis azulejares, com muitos painéis historiados. A reconversão aproveitou as antigas estruturas do Palácio, bem como as madeiras e ferros da época e muitos elementos decorativos. 
Sílvia Leite / DIDA / IGESPAR, I.P., 29-10-2007








Palácio Belmonte









LOCALIZAÇÃO




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