quarta-feira, 31 de julho de 2013

Palácio dos Marqueses de Vagos (antigo Paço de São Cristovão)


Formado por arquitectura nobre e religiosa, este conjunto, atesta bem a importância que o local teve desde a idade média até à reforma pombalina.Aqui habitou Dona Leonor,filha de Dom Duarte,a partir de 1451,após aí ter celebrado o seu casamento,(por procuração),com Frederico III,Imperador da Alemanha.Posteriormente,o Paço de São Cristóvão transformou-se na residência dos Condes de Aveiras e Marqueses de Vagos,Morgados do Regedor,o qual deu o nome à rua onde o imóvel se encontra implantado.Do paço primitivo ficou apenas o portal lateral gótico,quatrocentista,de colunas torsas,incluindo a do travejamento,único elemento do conjunto classificado como Monumento Nacional.Apesar de ter sido reformulado no reinado de Dom João V,o adiantado estado de degradação em que o deixou o terramoto de 1755 levou a que se efectuassem obras de reconstrução,das quais subsistiu a fachada principal,com cantarias e janelas joaninas.Em 1864,o Marquês de Vagos vendeu o seu palácio,o qual foi objecto de novas intervenções,tanto no século XIX,como no século XX,dando lugar ao acrescento de pavilhões anexos e de novos andares,conferindo o aspecto actual ao edifício,pertencente à Associação de Socorros Mútuos de Empregados de Comércio de Lisboa,desde 1913.



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terça-feira, 30 de julho de 2013

Rua do Benformoso


Rua do Benformoso
De acordo com a tradição, esta designação é a corruptela da primitiva de “Boy Formoso”. Numa das quintas, que por ali existiam, terá havido um boi de tal maneira esplêndido que, mesmo depois da morte do animal, o sítio ficou o de “Boy Formoso”.
A rua do Benformoso foi, até à abertura da rua da Palma (1862), uma das artérias mais movimentadas de Lisboa. Por ali passava todo o trânsito que se fazia para sair de Lisboa.
Perdeu a agitação mas mantém algumas das características pitorescas da Lisboa Antiga, como o pequeno prédio n.º 101-103, exemplar único de lote estreito com s/loja e 2 andares de ressalto. Tem um interessante trabalho em madeira no forro dos ressaltos. Óculos para iluminação da escada, servindo esta um fogo por piso. Tiras de madeira na protecção das sacadas. Datando do século XVII, ou mesmo anterior, é talvez o prédio de inquilinos mais representativo e melhor conservado de antes do Terramoto.
Nesta rua existiu, até 1795, um dos passos da procissão dos passos da Graça.






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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Igreja de São Cristovão



Situada no Largo de São Cristóvão, a igreja paroquial de invocação do mártir São Cristóvão de Lícia, que se ergue na velha Mouraria , em sítio dominante na textura da Costa do Castelo de São Jorge, e que ocupa (segundo a tradição mais ou menos aceite) o local onde existiu uma Ermida de Santa Maria de Alcamim, coeva da Reconquista cristã. É um dos raríssimos edifícios da capital que foi milagrosamente poupado pelo terremoto de 1755 na quase totalidade dos seus acervos artísticos.
A primitiva igreja foi edificada no 1º quartel do século XIII e toma o nome de Santa Maria de Alcamim. Há notícia que durante o reinado de Dom João I, este doa o padroado da igreja a Dom Martinho de Miranda, que seria bispo de Coimbra, e aos sucessores do seu morgado. Durante o reinado de Dom Manuel I a igreja sofreu um incêndio que a deixou totalmente destruída, tendo sido reedificada outra, mais ampla. Em 1610 é restaurada e em 1671-72 dá-se a conclusão das obras. Entre 1699 e 1703, é executada a pintura das telas da igreja por Bento Coelho da Silveira (1630-1708). Em 1701 é igualmente executada a pintura do tecto em brutesco por Estêvão Amaro Pinheiro, Miguel dos Santos e Lourenço Nunes Varela. O Terramoto de 1755 causou poucos estragos, apenas nas torres, mantendo-se a fachada maneirista da igreja característica do século XVII.






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terça-feira, 23 de julho de 2013

Bairro Alto


A área que actualmente constitui o Bairro Alto foi-se estabelecendo entre os séculos XV e XVII, através da formação de um conjunto de aglomerados urbanos, podendo considerar-se "a primeira urbanização moderna de Lisboa" . Uma das primeiras áreas do futuro Bairro Alto era a Vila Nova de Andrade, construída em meados do século XV nas antigas propriedades do cirurgião judeu Guedelha Palaçano, situadas entre o aglomerado urbano de Cata-que-Farás e a porta de Santa Catarina.
No reinado de Dom Manuel assistiu-se ao crescimento populacional e urbanístico da capital, devido à expansão do comércio marítimo. O monarca estabeleceu então um conjunto de regras urbanísticas e arquitectónicas, que se estenderam a toda a cidade.
Ao longo da primeira metade do século XVI, a Vila Nova de Andrade foi crescendo em número de arruamentos e habitantes, de acordo com as directrizes régias, e em meados da centúria iniciou-se uma nova fase de urbanização da zona alta. A Estrada de Santos, que ligava o Loreto, pela zona do Combro, ao Poço dos Negros, marca a divisão destas duas zonas, e em 1553 a instalação dos Jesuítas em São Roque, originou a deslocação do centro do bairro da antiga Vila Nova de Andrade para o novo Bairro Alto de São Roque. Assim, a partir da segunda metade do século XVI, e até ao final do século XVII, assiste-se a "uma fase de urbanização polarizada pela acção cultural dos Jesuítas" .
A partir de então, o Bairro Alto torna-se um caso ímpar do urbanismo português, uma vez que não só cresce segundo um plano de regularidade "sem paralelo na cidade até ao período pombalino", como porque ao nível social vai crescendo em importância e nobreza, uma vez que se torna um centro cultural ligado ao ensino jesuíta.
O século XVII será o período de consolidação urbanística, arquitectónica e social do bairro, que se tornou uma malha ortogonal regular "em que os quarteirões, embora todos rectangulares, têm proporções e dimensões diferentes conforme se situam abaixo ou acima da antiga estrada de Santos" . Os palacetes e casas senhoriais construídos na época, segundo padrões arquitectónicos eruditos, adaptaram-se tanto à fisionomia das ruas como à tipologia vernácula das habitações já existentes, dando origem a um conjunto arquitectónico harmonioso.
Embora o terramoto de 1 de Novembro de 1755 tenha destruído a zona baixa da cidade, o Bairro Alto foi poupado na maior parte da sua área. Desta forma, o traçado do bairro permaneceu inalterado durante a grande reforma urbanística do período pombalino, embora muitos dos edifícios quinhentistas tenham sido substituídos.
Durante as últimas décadas do século XVIII, o Bairro Alto foi perdendo o seu carácter aristocrático, e embora voltasse a ser habitado por grupos mais populares, acabou por se tornar um dos centros da cidade de Lisboa.
A partir do século XIX, com o crescimento da cidade, foram os limites do Bairro Alto que se renovaram; o estabelecimento de aglomerados urbanos adjacentes levou a que o bairro se fechasse sobre si, afastado tanto das constantes renovações urbanísticas de que a cidade foi objecto ao longo dos séculos XIX e XX, como das transformações estilísticas ao nível da arquitectura.
Desde então, as casas e antigos palacetes do Bairro Alto passaram a hospedar artistas, intelectuais, redacções de vários jornais e estruturas de apoio social e médico, tornando-se também o centro da vida nocturna da cidade.
Desta forma, o Bairro Alto manteve intacta a estrutura urbana quinhentista, resistindo a quatro séculos de transformações urbanísticas da capital, e revelando na sua malha ortogonal os ideais das cidades renascentistas, ao qual se adaptaram os edifícios construídos nos dois séculos seguintes.
Catarina Oliveira
 GIF/IPPAR/Junho de 2005

















quinta-feira, 18 de julho de 2013

Rua dos Caetanos / Conservatório Nacional




O Convento dos Caetanos de Lisboa, ou Convento de Nossa Senhora da Providência, é um edifício conventual, sito na Rua dos Caetanos, freguesia de Santa Catarina, construído a partir de 1653 para albergar a congregação lisbonense dos clérigos regulares da Ordem dos Teatinos, mais conhecidos por clérigos de São Caetano de Thiene (Ordo Clericorum Regularium ou Ordo Theatinorum) ou padres caetanos. O edifício sofreu grandes alterações no século XVIII, em consequência do Terramoto de 1755.
Com a vitória dos liberais na Guerra Civil Portuguesa, e a consequente extinção das ordens religiosas em 1834, o antigo convento foi adaptado para albergar o Real Conservatório de Lisboa, que foi ali inaugurado em 1837.Tendo a igreja ficado ao abandono foi restaurada tendo-se as obras iniciado em 1856.A partir de 1911 dá-se uma transformação radical do interior e do exterior
 do convento ,sendo a igreja demolida em 1912.




O Conservatório Geral de Arte Dramática foi fundado em 1836 por Decreto da rainha Dona Maria II de Portugal, no âmbito de um plano para a fundação e organização de um Teatro Nacional proposto por João Baptista de Almeida Garrett. Este estava então dividido numa Escola Dramática ou de Declamação, numa Escola de Música e numa Escola de Dança, Mímica e Ginástica Especial.
Incorporou-se neste estabelecimento o Conservatório de Música, criado na Casa Pia por Decreto de 1835.
Em reformas posteriores, o nome do Conservatório foi alterado para Conservatório Real de Lisboa e o da Escola Dramática ou de Declamação para Escola de Arte de Representar, já depois da implantação da República, quando o Conservatório passou a ser designado por Conservatório Nacional.






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segunda-feira, 15 de julho de 2013

Largo Trindade Coelho / Igreja de São Roque


Antes da construção da ermida de São Roque, que depois foi igreja, era terra de hortas e muitas oliveiras. Quando em 1506 Lisboa sofreu uma grande peste foi necessário improvisar um cemitério fora da cidade, no triste “chão fúnebre” o rei mandou construir uma ermida dedicada a São Roque, padroeiro contra as pestes. Em 1533, os padres jesuítas tomaram conta da ermida e, dois anos depois, começou a ser construída a igreja que prestigiou o Bairro Alto.
Neste largo destacou-se o Palácio Niza, erguido em 1543, que o Terramoto arruinou e os proprietários, fidalgos, descendentes de Vasco da Gama, não quiseram reconstruir. Os sucessivos donos vão alterando o seu aspecto e funções (Teatro Pitoresco, a Escola Académica, a antiga Companhia de Carruagens, o Jornal “A Manhã”), até que em 1926 é vendido à Misericórdia de Lisboa.
O arquitecto Tertuliano Marques fez as obras de adaptação sobre as fundações antigas.
Em 1860 a CML, na tentativa de regularizar e aformosear o largo, manda destruir os casebres ali construídos sobre a ruína de casas fidalgas, depois do Terramoto, e em 1863 dá ordem para arborizar.
Também ali se encontra uma “memória” - hoje vulgarmente designada de “palmatória” - oferecida, em 1862, pelos italianos residentes em Lisboa, comemorativa do casamento do Rei D. Luís. Onde se lê: “Pelo fausto consórcio de Suas Magestades El-Rei D. Luiz de Portugal e a princesa Maria Pia de Saboia, em 6 de Outubro de 1862, novo penhor da fraternidade entre os dois povos”.
A partir de 8 de Outubro de 1913 quis a Câmara Municipal de Lisboa que se passasse a chamar de “Trindade Coelho”, a tradição oral tem sido mais forte, e todos lhe chamam largo de São Roque.



 Igreja de São Roque




A Igreja de São Roque é uma igreja católica  , dedicada a São Roque e mandada edificar no final do século XVI, com colaboração de Afonso Álvares e Bartolomeu Álvares. Pertenceu à Companhia de Jesus, sendo a sua primeira igreja em Portugal, e uma das primeiras igrejas jesuítas em todo o mundo. Foi a igreja principal da Companhia em Portugal durante mais de 200 anos, antes de os Jesuítas terem sido expulsos do país no século XVIII. A igreja de São Roque foi um dos raros edifícios em Lisboa a sobreviver ao Terramoto de 1755 relativamente incólume. Tanto a igreja como a residência auxiliar foram cedidas à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, para substituir os seus edifícios e igreja destruídos no sismo. Continua a fazer parte da Santa Casa hoje em dia.
Aquando da sua construção no século XVI, foi a primeira igreja jesuíta a ser desenhada no estilo "igreja-auditório", especificamente para pregação. Tem diversas capelas, sobretudo no estilo barroco do século XVII inicial, sendo a mais notável a de São João Baptista, do século XVIII, projecto inicial de Nicola Salvi e Luigi Vanvitelli, depois alterado com a intervenção do arquitecto-mor João Frederico Ludovice, como se pode verificar pela correspondência entre Ludovice e Vanvitelli, publicada por Sousa Viterbo e R. Vicente de Almeida em 1900. Ludovice enviou uma série de desenhos para Itália com as alterações impostas, uma vez que Vanvitelli se recusara a alterar o projecto inicial. Foi encomendada em Itália por Dom João V em 1742. Chegou a Lisboa em 1747 e só ficou assente em 1749. É uma obra-prima da arte italiana, única no mundo, constituída por quadros de mosaico executados por Mattia Moretti, sobre cartões de Masucci, representando o Batismo de Cristo, o Pentecostes e a Anunciação. Suspenso da abóbada, de caixotões de jaspe moldurados de bronze, é de admirar um lampadário de excelente execução da ourivesaria italiana, enquadrado por um admirável conjunto de estátuas de mármore. Supõe-se que à época tenha sido a mais cara capela da Europa.
A fachada, simples e austera, segue os cânones impostos então pela igreja reformada. Em contraste, o interior é enriquecido por talha dourada, pinturas e azulejos e constituiu um importante museu de artes decorativas maneiristas e barrocas. Tem azulejos dos séculos XVI e XVII, assinados por Francisco de Matos.
O tecto, com pintura de interessante simbologia apresenta caixotões. A talha, maneirista e barroca, é rica e variada, com retábulos de altares e emoldura pinturas. Há mármores coloridos embrechados à italiana e um boa coleção de alfaias litúrgicas.
Ao lado do edifício, no Largo Trindade Coelho, está o Museu de Arte Sacra de São Roque, que tem compartimentos ligados com a igreja.

Palácio Brito Freire

Grande Palácio dos meados do século XVII, foi mandado erigir pelo Fidalgo da Casa Real Gaspar de Brito Freire.





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