segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Antiga real Fabrica das Sedas


Durante o reinado de D. João V, com o incremento da indústria, foram fundadas diversas unidades fabris em Portugal, entre elas uma fábrica de fiação de sedas, segundo proposta apresentada pelo tecelão francês Robert Godin em 1727. O alvará real de fundação data de 13 de Fevereiro de 1734 e a fábrica foi edificada no Rato, estando o edifício concluído em 1741.
Com o terramoto de 1755 o imóvel sofreu alguns danos, e a partir de 1757 o Estado restruturou o regimento e estatutos da fábrica, designada a partir de então por Real Fábrica das Sedas do Rato. A sua reforma foi integrada nos planos de renovação urbanística da cidade de Lisboa, embora a zona do Rato pouco tenha sofrido com os abalos sísmicos, uma vez que, na época, era considerada uma das mais seguras da capital.
Assim, em conformidade com uma política governativa de incremento industrial, e não em consequência directa do terramoto de 1 de Novembro de 1755, a zona do Rato foi remodelada, sendo desenvolvida junto à Fábrica das Sedas uma nova área urbanística designada por Bairro das Águas, planeada por Carlos Mardel e Eugénio dos Santos, que se enquadrava na restruturação da fábrica.
A Real Fábrica das Sedas é considerada a primeira obra portuguesa de Carlos Mardel (ROSSA,Walter,1998), ocupando todo o quarteirão no topo do Largo do Rato. De planta longitudinal, a fachada foi muito alterada em função de obras urbanísticas executadas já no século XIX, nomeadamente o alteamento da rua, que provocou um desnível na frontaria do edifício. No entanto mantêm-se alguns elementos originais, de que são exemplo o corpo central tipicamente joanino, como atesta o brasão colocado no tímpano do frontão, e a estrutura do complexo fabril, elaborado segundo rigorosos cálculos matemáticos (v. ROSSA, Walter,1998,pp.103-115).
Junto da fábrica foi aberta uma praça, com um chafariz num dos ângulos, e em volta desta foram rasgadas diversas ruas, onde foram edificados prédios de estrutura pombalina, semelhantes aos da Baixa, destinados a residências dos fabricantes que trabalhavam na fiação. Estes eram considerados pequenos empresários, que dependiam directamente da fábrica, por isso os privilégios que lhes eram consignados garantiam-lhes casa, oficina e equipamentos próprios no Bairro das Águas Livres, junto à Fábrica das Sedas; aí residiam também os aprendizes que trabalhavam com eles.
Desta unidade de construções-tipo pertencentes à fábrica subsiste o edifício da Praça das Amoreiras, onde actualmente está sediada a Fundação Arpad Szenes/Vieira da Silva, e o bloco de edifícios da Travessa da Fábrica das Sedas.
A este conjunto urbanístico pertenciam ainda um jardim de amoreiras, plantado em 1771 para fornecer a unidade fabril, e uma capela dedicada a Nossa Senhora de Monserrate, que não estava prevista no plano inicial.
A administração delineada na época pelo ministro Sebastião José de Carvalho e Melo originou a posterior diversificação das actividades da fábrica, acabando por se constituir uma escola de manufacturas que passaria a designar-se por Real Colégio de Manufacturas do Reino.
Com o afastamento do Marquês de Pombal do governo, em 1777, a fábrica decaiu na sua produção, processo que iria inverter-se dez anos depois. No entanto, as convulsões políticas do primeiro quartel do século XIX fizeram com que a fábrica não superasse as dificuldades económicas, e em 1835 a unidade fabril do Rato foi vendida em hasta pública. Manteve-se a produção de sedas, a título privado, e na segunda metade do século XIX o edifício foi destinado pelos seus proprietários a novas utilizações, comerciais e particulares.
Um violento incêndio, em Agosto de 1897, destruiu grande parte do edifício da Real Fábrica das Sedas, que posteriormente foi reconstruído mantendo a traça exterior, embora o interior fosse adaptado aos novos inquilinos do imóvel.

Texto retirado da pagina do Instituto de gestão do Património arquitectónico e arqueológico 

LOCALIZAÇÃO



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