quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Rua Pascoal de Melo /Jardim Constantino


O Jardim Constantino é um jardim na freguesia de São Jorge de Arroios.
O seu nome é uma homenagem a Constantino José Marques de Sampaio e Melo, um dos maiores floristas de Portugal, conhecido por Rei dos Floristas.
Este jardim possui uma árvore única em Lisboa, a Melaleuca styphelioides Smith, vulgo árvore-papel. Possui também, num dos seus canteiros, uma estátua de Prometeu.

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Rua dos Anjos / Bica dos Anjos


Rua dos Anjos
Vem-lhe o nome do velho templo paroquial (1563), que tinha por orago os “Santos Anjos”, ou mesmo “Nossa Senhora dos Anjos”.
Depois da implantação da República tentaram dar-lhe o nome de Registo Civil (1911), mas pouco tempo depois, mais uma vez a vontade popular se impôs e voltou a ser dos “Anjos”.
Antes da abertura da avenida Almirante Reis era, juntamente com o largo do Intendente, uma das saídas mais importantes de Lisboa. A passagem da avenida obrigou à demolição do velho templo, o sítio transformou-se, perdeu o prestígio de local de passagem principal.

Em frente a Travessa da Bica dos Anjos ficava um chafariz também demolido quando da abertura da Avenida Dona Amélia  .

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igreja dos Anjos


Igreja de Nossa Senhora dos Anjos

Inaugurada em 11 de Março de 1910, para substituir a antiga que foi demolida, pois ficava no caminho para a abertura da nova Avenida Dona Amélia(actual Avenida Almirante Reis) ,a actual Igreja dos Anjos,só foi concluída em 1911.Foi seu arquitecto o mestre José Luiz Monteiro, que ficou encarregue de desenhar uma nova igreja ,e de integrar totalmente , e sem alterações ,o interior da antiga igreja. A nova igreja fica a cerca de trezentos metros do local onde se erguia a antiga.




A desaparecida Igreja dos Anjos datava de 1568. Por ocasião do terramoto sofreu bastante,mas foi de pronto reedificada (1758). Em 1907 começou a transferir-se o seu recheio para a nova igreja sendo demolida em 1908.

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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Av. Almirante Reis /Rua Marques da Silva


" Marques da Silva (Rua) - Freguesia de Arroios e da Penha de França - O nome mais antigo que sabemos ter tido é o de calçada da Penha de França (desde 1710), passando alguns anos depois, ao tempo do terremoto, a ser designada por Caracol da Penha ou por travessa do Caracol da Penha.
   Castilho, que na sua Lisboa Antiga [vol. IX, 2ª ed. p. 173] se ocupou desta serventia pública, diz-nos: « O próprio Caracol da Penha (que parece tão calado) se o interrogarmos, dir-nos-á que ainda em 1857 não era mais que uma estreita e pitoresca azinhaga, com foros de caminho de pé posto. Passar aí de noite, só Amadis de Gaula ou Ferrabraz da Alexandria; quaisquer outros mortais eram exterminados.
   « Em sessão de 2 de Abril desse ano de 1857 (nos dirá o Caracol) recebeu da Câmara de Lisboa participação de haver sido aprovada pelo Conselho Distrital a deliberação tomada em 2 de Março antecedente, para expropriação de certo terreno afim [sic] de se começarem ali alguns melhoramentos projectados (Anuário do Mun. de Lisboa, 1857, nº 33, p. 260).
   «Em sessão de 10 de Dezembro, autoriza a Câmara o alargamento do Caracol, segundo a planta do engenheiro (Idem 1859, nº 44, p. 361).
   «Finalmente, em 11 de Julho de 1859 determinou-se que se anunciasse a arrematação da obra da muralha (Id., ib.), na estrada que trepa elegantemente aquela encosta a pino».
   As obras então ali feitas tiveram incontestàvelmente alguma importância, e por isso, em 1863, Vilhena Barbosa já nos dizia: « do lado oeste mostra o monte a sua maior altura com muito íngreme declive, por onde dantes subia o escabroso e tortuoso caminho chamado Caracol da Penha de França, que ora vemos sustituído por uma bela estrada macadamizada, em zig-zag, orlada de árvores e iluminada a gaz» (Arq. Pitoresco, vol. VI, p. 71.).
   No entanto não teriam de ser estes os últimos melhoramentos com que a Rua foi beneficiada, e assim, chegados a 1891, vemos a que a artéria tinha sido de novo alargada, se não em toda a sua extensão, pelo menos na parte que desemboca na Rua de Arroios. Neste ano, também, foi a rua crismada e da pitoresca denominação de Caracol da Penha passou, insìpidamente, a ter a de Rua Marques da Silva. Assim o determinou o edital saído a 5 de Outubro.
   Perguntemos agora: Marques da Silva porquê? [continua...] "
Luiz Pastor de Macedo, Lisboa de Lés-a-Lés, vol. IV, Pub. Culturais da C.M.L., Lisboa, 1968, pp. 52-54.

" [...] Perguntemos agora: Marques da Silva porquê? quem foi aquele senhor? que fêz ele? Marques da Silva que conhecêssemos com probabilidades de merecer consagração municipal por intermédio duns letreiros de tinta preta pintados nas esquinas de qualquer artéria, só nos lembrávamos de um, o arquitecto Adolfo António Marques da Silva, que foi um dos fundadores da Associação dos Arquitectos Portugueses, o auxiliar de Parente da Silva nos trabalhos preparatórios para o projecto de restauro da Sé, etc. Mas este Marques da Silva não podia ser o que ficou memorado nos cunhais do antigo Caracol da Penha porque tendo nascido em 1876 não podia com 15 anos de idade merecer a atenção dos edis lisbonenses. Que Marques da Silva era pois aquele? O padre António Marques da Silva, ex-frade dominicano, que publicou dois sonetos e uns Erros de concordância do relativo «cujo» demonstrados e emendados em 13 páginas, segundo informação de Inocêncio, e que acabou os seus dias empregado na Biblioteca Nacional? Ná... Não víamos ponta por onde se lhe pegasse... E fomos ao local. Talvez nos dísticos camarários houvesse alguma indicação. E havia, sim senhor. Lá estava Rua Marques da Silva - 1844/1907 - Escritor.
  O leitor que não se dá ao trabalho inglório da investigação, mal adivinha a alegria que experimentam os rebuscadores de novidades antigas, quando, perante um caso fechado se encontra, laboriosamente, uma porta de entrada. Não é a sorte grande, por certo (que nós não sabemos o que é ser ser-se contemplado com a sorte grande da Santa Casa) mas é a sorte que dá uma alegria que por sua vez garante umas horas ou dias, conforme o alcance da descoberta, de esplêndida disposição. Pois nós, depois de termos passado um ror de tempo a querer vislumbrar o autêntico Marques da Silva, através de mil hipóteses formuladas de parceria com os nossos botões, não tivemos uma alegria ao lermos o dístico da artéria, tivemos e justificadamente um alegrão. Pronto. O Marques da Silva era afinal um escritor que tinha nascido em 1844 e que falecera em 1907. Não era tudo, evidentemente, mas era quási tudo.
  No entanto - confissão completa, que o leitor merece a nossa consideração e a nossa confiança - no entanto a‑par da nossa alegria, intìmamente, muito intìmamente, revirava-se com certa irreverência uma pontinha de despeito. Sim. E bem vistas as coisas, a pontinha de despeito tinha toda a razão em revirar-se no nosso íntimo, travando e arrefecendo um pouco o nosso alegrão. Na verdade era imperdoável que não soubéssmos que tinha havido um escritor Marques da Silva e para mais um escritor que tinha merecido uma homenagem municipal. Mas se a pontinha de despeito, passados os primeiros momentos, refreou a alegria, a alegria, por sua vez não consentiu que nos sentíssemos excessivamente envergonhados perante a nossa indesculpável ignorância. E começámos a deitar abaixo as nossas prateleiras à procura do escritor que com certeza todos conheciam excepto nós.
  Trabalho baldado. Nem um breve rastro se nos deparou. Decidimo-nos então a perguntar e escolhemos claro está o nosso amigo mais íntimo. Sempre é menos vexatório mostrarmos a nossa ignorância a um amigo íntimo.
  - Ora diga-me cá. V. sabe quem foi o escritor Marques da Silva?
  - Quem?
  - ... Aquele que mereceu em vida pintarem-lhe o nome nas esquinas do Caracol da Penha...
  - Marques da Silva?

  - Sim. Que faleceu em 1907...
  E quando esperávamos que o nosso amigo exclamasse admirado: - Pois V. não sabe quem foi? Essa agora..., etc. etc. - respondeu naturalmente:
  - Não. Marques da Silva que fosse escritor, não me recordo de nenhum...
  Mais afoitos, perguntámos a outro amigo, depois a outro, em seguida a outros, por fim a todas as pessoas do nosso conhecimento que encontrávamos. Não. Marques da Silva e então um Marques da Silva que merecesse como escritor aquela homenagem muncipal, ninguém conhecia, ninguém se lembrava...
  Fomos em seguida aos livros de actas das sessões camarárias e dispostos a ir ao fim do mundo se nos palpitasse que só lá descobriríamos o decantado escritor. Mas felizmente não tivemos necessidade de passarmos das actas. Na que diz respeito à sessão de 25 de Setembro de 1891 lá está patente em bom cursivo o Marques da Silva almejado. Caiu-nos porém a alma aos pés. O Marques da Silva que se tratava não nascera em 1844, não falecera em 1907, nem fora escritor... Então? Era ao tempo um comerciante que morava na rua dos Anjos e que era proprietário da célebre Quinta da Imagem, ali ao Caracol da Penha, ao virar para a rua de Arroios, quinta da qual o sr. João Marques da Silva, - era este o seu nome - ofereceu uma fatia à Câmara para alargamento da travessa do Caracol! E lá vimos que foi nessa sessão que o vogal da Comissão Administrativa do Município, sr. Costa Lima, propôs, e foi aprovado, para que a travessa passasse a ter o nome do proprietário local que contemplou a cidade com aquela nesga de terreno da sua quinta.
  Ora veja lá o leitor como estas coisas são!
  Mas ficava ainda um caso por resolver: o dos letreiros com a indicação do homenageado ter sido escritor e ter nascido e morrido em tais datas. Que estava mal, estava; mas as indicações também não tinham sido postas ali à toa. Tratava-se pois, evidentemente, duma confusão. E o escritor Marques da Silva aparecia outra vez. Com que homem de letras se teria confundido o Marques da Silva da Quinta da Imagem? Continuámos percorrendo a vereda das pesquisas, até que por fim chegámos à conclusão de que o escritor que os serviços camarários supunham estar memorando nos dísticos da artéria era o Salvador Marques que também era da Silva e que na verdade nascera em 1844 e falecera em 1907. Deve-se porém notar que o escritor dramático Salvador Marques foi sempre conhecido por este nome e nunca por Marques da Silva.
  E basta. Ponhamos de lado este assunto mas já agora convidemos a Ex.ma Câmara a apagar dos dísticos da torcicolada via pública as datas que lá estão e a substituir o adjectivo escritor pelo de benemérito.
Luiz Pastor de Macedo, Lisboa de Lés-a-Lés, vol. IV, Pub. Culturais da C.M.L., Lisboa, 1968, pp. 54-58.
Texto retirado do Blog Bic Laranja


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terça-feira, 18 de setembro de 2012

Rua da Palma

Rua da PalmaO seu nome pode ter origem ou, na fama da veneranda palma que terá desabrochado junto do túmulo do cavaleiro alemão Henrique, companheiro de armas de Dom Afonso I, morto durante a conquista de Lisboa e sepultado no convento de São Vicente; ou no nome de uma família de origem genovesa (cerca de 1384) que nesta zona terá sido proprietária de casas e hortas.
Rasgada algures no séc. XVI, onde antes houve hortas, pequenos quintais, e parte da Mouraria, foi ganhando espaço e, de rua pequena e tortuosa, transformou-se em via ampla que sai da rua Barros Queiroz, percorre a praça Martim Moniz e finda no largo do Intendente.

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Hospital de São José / Igreja do Socorro


Hospital de São José
Dom José, o primeiro de Portugal, mandou anunciar que tinha decidido «fazer perpettua irrevogavel Doação da Igreja e Collegio (de Santo Antão) com todos os edifícios interiores, officinas e cercas e tudo o mais que se acha dos muros da dita caza para dentro sem limitação
alguma ao hospital»
que viria a adoptar o nome de São José.
Apesar da importância histórica da doação, há muito que se previa tal decisão porque além de funcionar, parcial e deficientemente, o Hospital Real de Todos os Santos ficara mortalmente danificado com o terramoto de 1755.
Herdeiro dos privilégios e tradições do Todos os Santos, o Hospital de São José seria instalado o mais próximo possível do seu predecessor, tendo sido por isso escolhidas as instalações do Colégio de Santo-Antão-o-Novo, que pertencera aos Jesuítas e que se encontrava desocupado há pelo menos seis anos, desde que o Marquês de Pombal os banira de Portugal.
Considerado como um dos maiores conjuntos edificados em Lisboa, o Hospital de São José herdou dos Jesuítas um conjunto de construções em grande parte arruinado pelo Terramoto.
Construído em 1589, segundo traço do arquitecto Baltasar Álvares, o Colégio dos Jesuítas foi afectado em alguns pontos pela catástrofe de 1755, sendo de referir a lamentável perda da igreja, que se diz ter sido uma das mais belas do seu tempo. Desconhecida para a maioria das pessoas e muito interessante do ponto de vista histórico é a narrativa da construção do Colégio de Santo-Antão-o-Novo.
História repleta de peripécias com episódios hilariantes, as origens do edifício onde actualmente funciona o Hospital de São José começa quando os Jesuítas, que possuíam já um Colégio igualmente consagrado a Santo Antão no local onde hoje vemos a Igreja do Coleginho, nas traseiras da Mouraria, resolveram que era tempo de construir novo instituto porque naquele local já era difícil expandirem-se.
O Cardeal Infante Dom Henrique foi o principal impulsionador da ideia, tendo mandado comprar umas casas que havia junto ao Arco da Graça, juntando-lhe outras construções e terrenos doados por Dona Filipa de Sá, 3ª Condessa de Linhares.
O próprio rei Dom Sebastião contribuiu para o novo colégio, ordenando à Câmara de Lisboa que cedesse à Companhia de Jesus uma parte do Campo de Sant'anna para ali se formar a cerca do novo estabelecimento.
No entanto, segundo documentos da época, os terrenos cobiçados pelo Jesuítas e que Dom Sebastião tão pronta e levianamente oferecia aos padres da Companhia de Jesus, estavam na altura ocupados por uma série de casas e pardieiros humildes que constituiam o chamado Bairro de Sant'anna.
É aqui que começam as dores de cabeça dos Jesuítas.
Aparentemente, dois factores explosivos contribuiram na altura para o reboliço que se seguiu: o bairrismo proverbial dos bairros lisboetas de então, por um lado, e a presença de um padre tempestuoso e decidido, que instigava as populações locais a boicotarem o empreendimento, por outro.
Assim que começaram os trabalhos de demarcação dos terrenos, a população enfurecida começou a atirar pedras contra os trabalhadores enquanto o terrível padre, confessor das freiras de Sant'anna, arremessava conjuras e maldições que fariam tremer o menos supersticioso dos operários. Deste modo, estiveram as obras paradas por muito tempo, sem que alguém estivesse disposto a arriscar-se a subir ao sítio de Sant'anna, até que eclode a tragédia de Alcácer-Quibir e o Cardeal Dom Henrique assume a regência do país.
Como protector da Companhia de Jesus, o cardeal não levou muito tempo a pressionar o andamento das obras.
Apesar disso, o lançamento da primeira pedra, efectuado no dia 11 de Maio de 1579, foi realizado de modo discreto, quase a medo.
Segundo Baltazar Telles, cronista dos Jesuítas, parecia mais prudente aos homens de Loyola evitar nessa altura quaisquer confrontações « porque de começada a obra, facilmente se impede, mas depois de principiada, posto que se cançem, já a não podem derrubar».
Porém, ao contrário do que se esperava, os populares de Sant'anna não perdiam «pitada» do que se passava e assim que se aperceberam das intenções dos Jesuítas sairam a correr à pedrada aos pobres trabalhadores.
A colina onde se situa actualmente o Hospital transformou-se rapidamente num campo de batalha e a construção do colégio voltou a cair num absurdo (e ridicularizante) impasse.
Tanto mais embaraçosa era a situação quanto, dias após dia, o apoio popular em torno da causa de Sant'anna crescia, com a aglomeração (no actual Campo Mártires da Pátria) de milhares de habitantes de outros bairros dos arredores.
Nessa altura, já já não era apenas as casas a derrubar, mas todo o projecto em si que estava em questão.
Diziam os manifestantes que não era digno de um país enlutado pela morte do Rei «Desejado» que se fizessem monumentos luxuosos e magnificientes como aquele e que, com os cofres esvaziados pela louca aventura de D. Sebastião, fosse gasta uma fortuna num colégio quando os Jesuítas já tinham outro.
Os homens de Loyola, no entanto, conseguiam maneira de fugir ao cerco ao descobrirem a existência de areia e alvenaria no interior da obra que lhes permitia continuar os trabalhos sem ter de passar pela população em pé de guerra.
Para ajudar a causa dos Jesuítas, nessa mesma altura foi nomeado como «presidente» da Câmara de Lisboa um homem muito respeitador, influente, principalmente entre as classes mais desfavorecidas: Dom Pedro de Almeida. Diz-se que o novo «autarca» foi falar à população procurando dissuadi-la da inevitabilidade da construção e (qual político moderno em campanha eleitoral) pegou numa enxada e foi ajudar os operários sitiados.
A obra, no entanto, seria interrompida de novo em 1580 por morte do Cardeal (de quem dependia pessoalmente grande parte do dinheiro utilizado na construção do Colégio), pelo que, conforme podiam os Jesuítas foram construindo o seu novo estabelecimento de ensino.
Finalmente, no dia 5 de Novembro de 1593, o novo Colégio de Santo Antão é inaugurado, embora as obras prossigam e o edifício só venha a estar definitivamente concluído 59 anos depois, graças ao dinheiro posto à disposição pela Condessa de Linhares.
Segundo documentos da época, a mudança do hospital das antigas instalações da Praça da Figueira para o Colégio de Santo-Antão-o-Novo foi feita em tempo tão curto (para os nossos dias) que ficou como um acontecimento notável.
De acordo com o relatório do primeiro enfermeiro-mor do Hospital de São José, foi apenas em três dias, entre «3/4/5 de Abril de 1775, por ordem de Sua Majestade Fidelíssima, o Senhor Rey Dom José o primeiro, (que) se mudarão os doentes do Hospital Real de Todos os Santos, que existia no citio do Rocio, para o novo Hospital Real de San Jose (...) sendo feita esta sem perigo algum dos doentes, e sem fazer despesa alguma...»
Para o conseguir, toda a cidade de Lisboa movimentou-se nestes três dias.
Nobres, pessoas caridosas e irmãos da Misericórdia conduziram macas e esquifes transportando os doentes.
Os religiosos dos conventos de Lisboa ajudaram carregando os doentes aos ombros e aqueles que se encontravam em pior estado tinham à disposição coches e berlindas cedidas por nobres e ricos.
O hospital, que conforme o relatório do enfermeiro-mor adoptou desde o início a designação de São José em homenagem, segundo alguns autores, ao santo patrono do monarca (ou, de acordo com outros, ao próprio rei Dom José), foi ampliado e remodelado a partir de 1811, com a inauguração dos primeiros quartos particulares destinados a homens.
Apesar das novas enfermarias, dos edifícios ampliados e das salas mal iluminadas e sem ventilação que foram melhoradas, o Hospital debatia-se já nessa altura com uma crónica falta de espaço, pelo que se anexa , em 1841, o antigo Hospital de S. Lázaro, destinado a leprosos.
Oito anos depois, a administração do Hospital de São José é forçada a transferir cerca de 170 alienados que ocupavam as enfermarias de São Teotónio e Santa Eufémia para o então recém-inaugurado Hospital de Rilhafoles.
Em 1857, aglutinou o Hospital do Desterro, instalado no velho Convento de São Bernardo, dando origem à designação de «Hospital Real de São José e seus anexos».
Em 1892 e 1903 seriam igualmente assimilados como «anexos» os hospitais de Arroios e Santa Marta.
O Hospital de Dona Estefânia foi anexado em 1877, seguido de doenças infecciosas do Rego (actual Curry Cabral), em 1906 e do Hospital de Santo António dos Capuchos, em 1928, altura em que o nome de São José já fora preterido em favor de uma designação mais genérica: Hospitais Civis de Lisboa.
Construída para servir de sacristia da Igreja do Colégio de Santo-Antão-o-Novo, a actual capela do Hospital de São José é, sem dúvida, o mais valioso dos edifícios do complexo original sendo considerada uma peça arquitectónica de invulgar qualidade artística, enriquecida com mármores coloridos e decorada com esplenderosos arcazes [grandes arcas com gavetões].
Os Jesuítas, que foram os melhores intérpretes do Maneirismo português, deixaram aqui uma construção sem paralelo em todo o século XVII, especialmente notável pela sua esplêndida abóbada parabólica, com cúpula de quatro secções cilíndricas e caixotões de mármores variados que correspondem aos vãos da parede exterior, do que resulta um efeito de grande riqueza decorativa.
Densamente ornamentada com talha, mármores e quadros, a zona inferior do templo resulta harmoniosamente com as sóbrias pilastras compósitas.
Diz-se que, quando a igreja que aqui existiu, era uma obra deslumbrante com as suas onze capelas e uma colecção valiosa de quadros.
Além da imagem, a óleo, de Santo Inácio de Loyola, que se pensa ter existido na capela-mor, muitos quadros desapareceram durante o Terramoto de 1755, embora alguns (especialmente os que estavam na sacristia) tenham escapado.
Considerada a mais majestosa e vasta igreja de Lisboa, o templo tinha fachada, torres, convento e oficinas de rica pedra de mármore de lioz, e os seus púlpitos eram os mais ricos que se conheciam entre os edifícios religiosos da época.
Além dos dois imponentes túmulos dos fundadores de que versam documentos antigos, os quais deviam estar expostos na capela-mor, o elemento arquitectónico mais frequentemente referido na literatura contemporânea ao Terramoto relaciona-se com o zimbório, um dos melhores de Lisboa.
Este Zimbório e as famosas torres do Colégio ruiram com o templo, a primeira em 1807 e a da direita em 1836, tendo-se aproveitado os blocos de pedra fragmentados para calçada e outras para pedestal de estátuas.
Igualmente de incalculável valor é o vasto conjunto de silhares de azulejos que revestem a escadaria nobre do edifício principal do Hospital.
Manufacturados em meados dos Século XVIII, os azulejos do São José (considerados um dos mais belos e vastos conjuntos da sua época) são do estilo dos «painéis historiados» e relatam cenas de caça e batalhas.
Além da pintura que decora o tecto do piso térreo, um pouco gasta e desbotada, o edifício principal apresenta junto ao portal, um conjunto de sete estátuas de apóstolos, obra de artesãos italianos provenientes igualmente do templo original.
As estátuas encontram-se na actual disposição graças ao enfermeiro-mor D. Francisco de Almeida que as mandou colocar ali em 1811.
Igualmente construídas por ordem deste enfermeiro-mor foram o muro e o pórtico (com a sua magnifica moldura escultórica, constituída por duas peças principais) na entrada que dá para o Martim Moniz, no fim do pátio onde, durante muitos anos, era costume realizar uma grande feira dedicada a São José e a São João.
O Hospital organizou um pequeno Museu e Arquivo Histórico, conserva uma imensa documentação que se estende até datas muito recuadas, entre as quais consta, por exemplo, a ficha clínica do célebre Elmano Sadino (BARBOSA du BOCAGE) que aqui esteve internado durante algum tempo.

Texto retirado do Blog ALFOBRE de Letras


                                                Colégio de Santo Antão-o-Novo


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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Rua da Palma /Igreja do Socorro/ Rua de São Lazaro




A igreja do Socorro ficava na rua da Palma, perto do inicio da rua de São Lázaro . Foi demolida em 1949, na consequência do plano de demolições da Mouraria
 A zona designada por Martim Moniz, consiste numa vasta área situada bem no centro de Lisboa e junto a uma das suas mais emblemáticas zonas históricas, que é a Mouraria. Não se trata de um "Largo" no sentido correcto do termo, pois não fora assim planeado originalmente. É antes mais um dos diversos e infelizes resultados de uma política urbanística  Estado Novo. Com a ideia de "colorir" de modernidade e progresso um país mergulhado num atraso geral quando comparado com outros países da Europa, destruía-se o que era antigo sem qualquer respeito pelo património histórico.
No regime então vigente, as zonas antigas, salvo um ou outro monumento isolado, eram vistas como espaços palusíveis de serem sacrificados em nome do progresso, o que queria dizer demolidas. Quando se escolhia uma zona concreta, avançava-se com o camartelo sem dó nem piedade, silenciando de todas as formas possíveis todos aqueles que se manifestassem contra. Eram os tempos da Censura, em que os meios de comunicação se limitavam a elogiar e fundamentar, como porta-vozes da "situação", as medidas tomadas ou, meramente, a constatar os factos consumados. Por vezes, evocavam-se os locais desaparecidos com referências saudosas a tempos passados e a gentes a eles associadas, muito ao bom jeito lusitano, mas nada de críticas às decisões tomadas no presente, que seguiam, imparáveis, o seu curso.
 Foi, exactamente, o que aconteceu na vasta área do que se conhece por Martim Moniz. Originalmente, esta zona consistia na denominada "Baixa Mouraria", em relação com a "Alta Mouraria" que é a que hoje realmente existe. Era uma zona de ruas onde, apesar da grande quantidade de edifícios de traça pombalina, vivia uma comunidade económico-social modesta. Era, para além disto, um dos lugares onde se concentrava muito da cultura popular lisboeta. Foi a pretexto do clima de alguma "licenciosidade", com alguma prostituição e "rufias" à mistura, que o governo presidido por Salazar, decidiu escolher esta zona para levar avante mais um dos seus projectos urbanísticos de "modernização e progresso" das cidades portuguesas.
 Seria um pouco inexacto não referir aqui que, já desde o início do século XX, a Baixa Mouraria vinha sendo, gradualmente, alvo de demolições. Só que estas eram quase esporádicas, pontuais e centradas em locais muito bem definidos e inseridas num vulgar plano de melhoramento de certos recantos urbanos, onde podiam haver razões de ordem higiénica. Acontece que foi só a partir dos anos quarenta, mais concretamente por volta de 1945, que se pôs em prática o plano urbanístico que levaria a uma gradual mas vasta demolição, que terminaria no "largo" que hoje se pode observar no centro de Lisboa. Muito correctamente, têm havido muitas vozes a descrever este local como o "Buraco do Martim Moniz".
 As principais demolições, que deram a dimensão final a este espaço, estavam concluídas por volta de 1962. No lugar onde antes existia muito da zona baixa da Mouraria, onde casas e edifícios modestos conviviam com alguns outros assinaláveis, existia então um vasto terreiro, com zonas de terra batida que enlameavam facilmente com a com a chuva, muito utilizado como parque de estacionamento livre. Uma "terra-de-ninguém", onde surgia isolada a Capela de Nossa Senhora da Saúde, que foi o único edifício poupado ao devastador plano de demolição.
 Entre as "vítimas" mais lembradas deste verdadeiro "bota-abaixo" estavam o Palácio dos Marqueses de Alegrete em 1946, a imponente Igreja do Socorro em 1949 (em cima), o Teatro Apolo em 1957 (em baixo) e, por fim, o Arco do Marquês de Alegrete em 1961, que era também a última porta sobrevivente da antiga muralha.

Texto retirado do Blog Centelha

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domingo, 16 de setembro de 2012

Rua da Palma / Teatro Apolo

O Teatro Apolo inicialmente designado Teatro do Príncipe Real foi um teatro inaugurado em 1866 em Lisboa.
O Teatro do Príncipe Real, situado na freguesia de Santa Justa foi edificado em homenagem ao rei D. Carlos e em 1910 com a queda da monarquia o seu nome foi alterado para Teatro Apolo. Em 1957 o teatro acabou por ser demolido.






 

Salão Lisboa

Conhecido como “Cinema Piolho”, é o primeiro recinto especialmente construído para o espectáculo cinematográfico.
Situava-se na Rua da Mouraria, entre as Escadinhas da Saúde, o Antigo Beco do Cascalho e a Rua das Fontainhas a S. Lourenço.
Propriedade da Empresa Salão de Lisboa, Lda., de Henrique O’Donnell e Victor Cunha Rosa, abre as suas portas ao público em 1916, com sessões às quintas-feiras, sábados e domingos. O público era essencialmente jovem, o que fazia com que os filmes de acção fossem o essencial da sua programação.
Em finais de 1928, iniciam-se obras de melhoramento no seu interior, como forma de corresponder às exigências do público e ao aparecimento de novas salas. 1932 será o ano em que se introduzem novas alterações, principalmente na fachada.
Até 1972, o Salão Lisboa continua nas mãos da família O’Donnell, altura em que suspende a sua exploração cinematográfica, passando aí a funcionar um armazém de revenda que, no entanto, continuou a manter na frontaria o nome de “Salão Lisboa”.

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Largo Martim Moniz /Arco do Marquês do Alegrete


Por volta de 1580, começou a construir-se edifícios encostados à muralha da cidade
Mais tarde em 1694, junto da porta da Mouraria, (ou de São Vicente ), ergueu-se o Palácio do Marquês do Alegrete, que acabou ele mesmo por dar um novo nome ao arco.
Foi Manuel Teles da Silva, 2.° Conde de Vilar Maior e 1.° Marquês de Alegrete quem mandou construir, o sumptuoso palácio conhecido pelo seu título, demolindo até aos alicerces a muralha Fernandina nesse local, as torres a ela pegadas e as casas dos seus antepassados.
Manuel Teles da Silva nasceu em 1641 e morreu em 1709, sendo filho do 1.° Conde de Vilar Maior, por morte de quem passou a ser o 2° Conde de Vilar Maior. Coronel aos 27 anos, tomou parte com valentia na tomada de Évora, depois da batalha do Ameixial.
Nos dramáticos conflitos palacianos no tempo de D. Afonso VI, tomou partido pelo Infante D. Pedro, que depois o distinguiu com muitas honrarias. Foi regedor da Casa da Suplicação Conselheiro de Estado e Vedor da Fazenda, Em 1686 foi encarregado de ir a Heidelberga buscar a Princesa D. Maria Sofia de Neuburgo, que vinha casar com D. Pedro II. Por este motivo foi distinguido com o título de Marquês de Alegrete em 19 de Agosto de 1687.
Casou com D. Luísa Coutinho, filha do Conde de Sabugal, de quem houve nove filhos.
Entre os sucessivos proprietários do palácio contam-se figuras ilustres da história de Portugal, sejam embaixadores, estadistas, como militares, escritores e historiadores.
O palácio ocupava uma área sensivelmente rectangular e tinha duas fachadas idênticas, sul e norte, respectivamente sobre o Largo Silva e Albuquerque e sobre a rua que separava o palácio das hortas do vale que se alargou por essa época e que foi a desaparecida Rua Martim
Moniz. Uma terceira frente, onde estava a entrada principal, era voltada para o nascente, sobre a Rua da Mouraria; a quarta frente, a ocidental, parece que não tinha vãos abertos e ficava encostada a outro prédio que foi demolido em 1936.
Todos os portais eram sobrepujados por frontões, ao centro dos quais ficavam as pedras de armas da Casa Teles da Silva, mas só a do portal da entrada principal durou até à demolição do palácio.
O palácio ficou bastante arruinado pelo terramoto de 1755, e foi reconstruido parcialmente depois deste cataclismo, não com a sumptuosidade que havia tido, mas adaptado a prédio de rendimento, a fim de ser alugado para estabelecimentos comerciais e industriais (refinação de açúcar, depósito de cereais, animatógrafo) e inquilinos de modesto estatuto social.
A Câmara Municipal de Lisboa, carecendo do terreno do palácio para melhorar a circulação pública naquele sítio, encetou em 1932 as negociações para a sua aquisição e posterior demolição, o que veio a acontecer em Agosto de 1946, o terreno foi terraplanado, acabando-se este trabalho em 2 de Outubro do mesmo ano.
No largo assim formado ficaram incorporadas a Rua Martim Moniz, o Largo Silva e Albuquerque, e um pequeno troço da Rua da Mouraria. O público, antes da oficialização do nome, começou a chamar-lhe Largo Martim Moniz.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Rua do Arco do Marquês do Alegrete


A rua do Arco do Marquês de Alegrete hoje em dia confunde-se com a praça Martim Moniz.
O nome ficou-lhe do proprietário do sumptuoso palácio, o 1º Marquês de Alegrete, que o mandou construir em 1694, e ali existiu até 1946 junto à porta de São Vicente da Mouraria. Arruinado pelo terramoto de 1755, deixou de ser habitado pelos seus proprietários e foi alugado a modestos inquilinos que ali fizeram estabelecimentos comerciais e industriais.
Tinha o palácio três frentes, duas para locais já desaparecidos: o largo Silva e Albuquerque e a rua Martim Moniz, e a terceira para a rua da Mouraria.
Em 1946 foi demolido para dar lugar à actual praça Martim Moniz.
O Arco sobre o qual assentavam dois andares unia dois prédios pertencentes à mesma família.

LOCALIZAÇÃO




Rua Morais Soares


A rua Morais Soares faz parte das freguesias de São João, Penha de França e São Jorge de Arroios.
No século XIX  fazia parte da Estrada da Circunvalação.
O nome "Estrada da Circunvalação" designou sucessivamente duas estradas correspondentes aos limites do município de Lisboa.
Em 1852, uma estrada assim designada circundava os limites da cidade de Lisboa, começando em Alcântara, na zona da Triste-Feia, subindo a Rua Maria Pia, Rua do Arco do Carvalhão, e passando por São Sebastião da Pedreira na zona da Rua Marquês de Fronteira. Atravessava ainda a zona das Avenidas Novas, troço destruído pela criação das mesmas, pela zona da Avenida Duque de Ávila/Saldanha, e descia outra vez pela Rua Visconde de Santarém, Rua Morais Soares e Avenida Afonso III.
Em 1886, com a expansão do município de Lisboa, foi criada uma nova Estrada da Circunvalação que definiu o actual limite geográfico do Concelho de Lisboa, desde Algés (Portas de Algés), ao longo de Monsanto, pelas Portas de Benfica, Camarate, até descer novamente até ao Tejo na zona do actual Parque das Nações. Esta Estrada da Circunvalação, por sua vez, agrupava a Estrada da Circunvalação Fiscal - que ligava Algés a Benfica, limitando o concelho de Lisboa a ocidente - e o lanço de Benfica a Sacavém da Estrada Militar - que interligava as fortificações do Campo Entrincheirado de Lisboa.
Esta última Estrada da Circunvalação é uma via que, fisicamente já quase desapareceu, com vários dos seus troços incorporados ou substituídos em outras vias mais modernas, tais como a CRIL/IC-17 no lado ocidental.

LOCALIZAÇÃO




quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Ermida Nossa Senhora do Resgate das Almas



Nossa Senhora do Resgate das Almas e Senhor Jesus dos Perdidos (Ermida de )

 Localização
Rua dos Anjos, Rua Álvaro Coutinho
Freguesia: Anjos

Data
Século XVIII

No mesmo local existiu uma outra ermida que ruiu após o terramoto de 1755. A nova construção data da segunda metade do século XVIII e no seu interior sobressai o azulejo que combina com a talha dourada. A capela-mor está rodeada por um friso azul e branco com motivos rocaille e emoldurada por anjos. Ao centro encontra-se a imagem de Nossa Senhora da Piedade, colocada numa peanha.
BibliografiaSANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (dir.), Dicionário da História de Lisboa, 1.ª ed., Sacavém, Carlos Quintas & Associados – Consultores, 1994, p. 774.
Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, 1.ª ed., Lisboa, Junta Distrital de Lisboa, 1975, pp.150-151.

LOCALIZAÇÃO




Largo do Intendente / Fabrica de Cerâmica da Viúva Lamego



O edifício da Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego fica situado no largo do Intendente com a Avenida Almirante Reis, freguesia dos Anjos.
A fábrica foi fundada por António da Costa Lamego, que em 1849. Após a morte do seu fundador passou a designar-se comercialmente por "Viúva Lamego". Todo o prédio forrado a azulejos que torneja para a Av. Almirante Reis constituía a zona de oficinas.
Nos anos trinta do século XX, a produção foi transferida para a Palma de Baixo, onde se manteve até 1992, data em que a mesma passou para Abrunheira - Sintra.